quinta-feira, 26 de novembro de 2015

5 motivos para NÃO aceitar a episiotomia

Vamos falar de episiotomia?
A episiotomia é uma incisão efetuada na região do períneo (área muscular entre a vagina e o ânus) para ampliar o canal de parto e prevenir que ocorra um rasgamento irregular durante a passagem do bebê. É geralmente realizada com anestesia local. (Wikipedia)
A definição em si já é equivocada. Prevenir o quê? Digam para mim. Achismo não me conforta. Quando ocorre uma laceração natural, grande parte não chega nem aos pés de uma episio.
Esquentou os ânimos? Vamos aos motivos.
1. Mutilação
Sim, “o pique inocente” é uma mutilação da vagina da mulher. O corte é uma lesão perineal grave. Alguns bons pontos são necessários para recompor a coisa toda.
“…quando realizada sem indicação constitui uma verdadeira mutilação genital feminina, acarretando danos à saúde da mulher.” Wagner M. Episiotomy: a form of genital mutilation. Lancet. 1999;353:1977-8
As evidências científicas atuais não indicam que ela seja feita de rotina, bem como a OMS.
Dra. Melania Amorim, conforme abaixo, demonstrou seus resultados após 13 anos sem realizar NENHUMA episiotomia.
Veja Estudando episiotomia e Série vídeos número 1: episiotomia em seu blog. Recomendo a leitura fortemente.


2. Dor e incômodo no pós-parto
A episio gera maior desconforto e dor.
Muitas mulheres que sofreram o procedimento relataram forte incômodo no pós-parto, e obviamente, o risco de infecção está associado. Quanta dor e trauma não seriam evitados se a episiotomia não fosse feita? Quantos períneos íntegros poderíamos ter? Muitos, muitos, muitos. E a frase “lavou tá novo”, faz todo sentido nesse caso.
3. Não está associada a nenhum benefício
Sim, não há nenhum benefício comprovado cientificamente pelo uso desse procedimento.
“Em revisão sistemática publicada em 2005, Hartmann et al. avaliaram 26 artigos de 986 estudos rastreados em pesquisa no Medline, na Biblioteca Cochrane e no Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature.Os autores concluíram que a episiotomia não apresentava quaisquer benefícios, associando-se a danos consideráveis como dor, maior necessidade de analgésicos e lacerações perineais graves. Na Discussão, comentam que “na ausência de benefícios e com um potencial para malefícios, um procedimento deveria ser abandonado” 42: Sugerem que uma meta razoável e imediata seria reduzir a taxa de episiotomias para menos de 15%…” Hartmann K, Viswanathan M, Palmieri R, Gartlehner G, Thorp J, Lohr KN. Outcomes of Routine Episiotomy – A Systematic Review. JAMA. 2005; 293: 1-8.
A citação fala por si só. Se algo não traz benefícios comprovados, qual a necessidade? Baseado em boas evidências, gostaria de uma resposta daqueles que a fazem de rotina.
4. Não deve ser feito sem consentimento da mulher
Há muitos relatos dizendo que “foi feito sem meu consentimento”. Qualquer conduta médica no parto deve ser discutida com a parturiente. Ela tem o direito de escolher. Eu mesma, durante início da minha gestação, sondei a minha médica à época, e escutei horrores dela. Após escutar tudo, respondi: “Dra., mas veja bem, as evidências dizem x y z, e a senhora não me mostrou absolutamente nenhum motivo plausível baseado em nada para a episiotomia” . Nem preciso dizer que quase fui jogada pela janela e não voltei nunca mais.
Vamos tentar mudar isso? Que tal levar evidências para discussão? Medicina baseada em vidência está cheio por aí. E muito cuidado se você escutar: “Olha, se for necessário eu vou fazer…” .
Discuta, reflita, estude. Se após isso você achar que deve ser feito, ok, escolha sua. Meu respeito. Seu corpo, suas regras. 

5. O ponto do marido (isso “non ecziste”)
Não vou nem entrar no mérito do machismo, vou pular esta parte porque me dá até coceira. Dizer que se não fizer episio, a vagina ficará larga e o playground do maridão vai estragar, dói, dói na alma. Feminismo pra quê né gente?
Após o parto a vagina volta ao seu normal, sem a menor necessidade de “ponto do marido”, ponto a mais dado durante a episiorrafia (sutura do corte). Ela é constituída de músculos e como tal, tem elasticidade. Por um acaso alguém já fez alongamento e depois saiu por ai todo “largo”? Não né. Por qual motivo isso aconteceria justamente com nossa amiga vagina?
O resumo disso é: estudem e questionem. O parto é seu!
Respeito à fisiologia, respeito à mulher, respeito ao bebê.





Indicações absolutas para cesárea

Sempre é bom lembrar as indicações reais, não é verdade?

Lembrando que, em caso de apresentação córmica, o item n.º 2, o ideal seria aguardar pelo trabalho de parto, uma vez que ainda há chances do bebê virar para posição mais propícia.

Fora isso, QUESTIONE.




































Abraço,
Aline

Quem é a doula?



A publicação original desse texto eu fiz no Mamaholic.com.br, dá uma espiadinha lá.

Doula vem do grego, e significa “mulher que serve”.
No tempo das nossas avós, sempre a mulher tinha uma irmã, tia, mãe, prima ao lado nesse momento. Elas eram responsáveis por preparar o ambiente para a chegada do novo membro. Essas mulheres davam apoio emocional, encorajavam, ajudavam na posição mais confortável, enfim, elas serviam essa mulher no que ela necessitasse durante seu trabalho de parto.
Depois que os partos passaram para o ambiente médico, essa mulher começou a ficar sozinha e o parto passou a ser um evento hospitalar. A mulher passou a ser paciente, e curiosamente, o tratamento impessoal tornou-se cada vez mais comum. Mitos foram sendo criados, procedimentos absolutamente desnecessários começaram a ser feitos para todas as mulheres, independentemente da necessidade. O parto passou a ser uma produção em série e é aí que mora o problema – mas este assunto é tema para outro post.
A doula não é parte da equipe técnica de assistência ao parto. Doula não faz exame de toque, doula não ausculta, não apalpa barriga para ver posição. Não! Isso quem faz é a parteira (Enfermeira Obstetra ou Obstetriz) e/ou médico.
Então, quando alguém perguntar: “Doula faz parto?”
NÃO.
Muito bem, agora vamos responder à pergunta do título já que isso ficou bem claro.
Quando um casal (ou uma mulher) contratam uma doula, eles estão contratando, acima de qualquer coisa, uma pessoa que apoia. Costuma-se dizer que a doula é pau para toda obra.
As doulas são bem conhecidas nos Estados Unidos, Holanda, Inglaterra, Irlanda, Canadá, Austrália e Nova Zelândia, por exemplo, pois os benefícios de tê-las na assistência foi comprovado inúmeras vezes.
Antes do parto
Ela é responsável por orientar sobre o que esperar do parto e pós-parto. Procedimentos que podem ocorrer durante o parto e com o bebê recém-nascido. Preparar-se para o parto é um aprendizado e a doula entra no sentido de despertar a curiosidade, derrubar mitos e ajudar no processo de empoderamento. Conhecer as verdadeiras opções e suas consequências é de suma importância neste processo.
Durante o parto
A doula é a ponte, invisível e ao mesmo tempo um apoio incondicional, no sentido de esclarecer termos técnicos usados durante o trabalho de parto, utiliza técnicas não farmacológicas para alívio da dor  (como massagem, banhos, técnicas de relaxamento), prepara o ambiente da forma desejada, auxilia na utilização da bola e posição mais confortável. A doula é aquela que ajuda a encher a banheira, aquela que muitas vezes dá comida na boca da mulher, ajuda a secá-la, coloca um travesseiro entre suas pernas, uma almofada de apoio em alguma posição…enfim, ela faz aquilo que for necessário para garantir o conforto físico e emocional da parturiente. Veja trecho das recomendações da OMS, a respeito do apoio intraparto:

“Este documento identifica uma “doula” como uma prestadora de serviços que recebeu um treinamento básico sobre parto e que está familiarizada com uma ampla variedade de procedimentos de assistência. Fornece apoio emocional, consistindo de elogios, reafirmação, medidas para aumentar o conforto materno, contato físico, como friccionar as costas da parturiente e segurar suas mãos, explicações sobre o que está acontecendo durante o trabalho de parto e uma presença amiga constante.”

“Uma parturiente deve ser acompanhada pelas pessoas em quem confia e com quem se sinta à vontade seu parceiro, sua melhor amiga, uma doula ou uma enfermeira-parteira. Em alguns países em desenvolvimento, esta lista também poderia incluir a parteira leiga. Em geral, serão pessoas que conheceu durante sua gestação.”

É a mão pronta para o carinho, os braços prontos para um abraço e o olhar cheio de amor.
Ela vai ser a primeira a chegar na maioria das vezes e a última a sair.
Ela pode ser o lenço para secar uma lágrima de emoção e o colo pronto para acolher.
Após o parto
A doula pode ajudar à nova família nos problemas mais comuns com a amamentação e cuidados com o bebê.  Ela também pode indicar ajuda profissional mais específica em casos onde a mulher necessite (mastite, mamilos muito feridos, muita dor ao amamentar etc).
Vantagens
As pesquisas têm mostrado que a atuação da doula no parto pode:
  • diminuir em 50% as taxas de cesárea;
  • diminuir em 20% a duração do trabalho de parto;
  • diminuir em 60% os pedidos de anestesia;
  • diminuir em 40% o uso da ocitocina;
  • diminuir em 40% o uso de fórceps.
Embora esses números refiram-se à pesquisas no exterior, é muito provável que os números aqui sejam tão favoráveis quanto os acima mostrados.
A porta abre pelo lado de dentro.


Doula não empodera ninguém, mas pode ajudar muito nesse processo.
Abraço,
Aline